Música

Um novo choro

Grupo instrumental Chorei Sem Querer lança suas primeiras composições autorais

Da paixão por uma das expressões musicais mais legítimas do país, surgiu o grupo pelotense Chorei Sem Querer, dedicado ao choro, ao samba e a improvisações. “O choro é o estilo que a gente mais se identifica. Expressa nossos sentimentos e, também, nossas qualidades musicais”, comenta o percussionista Daniel Ortiz.

Formado em 2017 por estudantes do curso de Música da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o grupo teve sua estreia no dia 1º de maio do ano passado em um evento do Conservatório de Música. Desde então, o quarteto que inclui ainda a flautista paulista Julia Alves, o guitarrista paulista Gustavo Mustafé e o violonista mineiro Vasco Jean realizou cerca de 35 apresentações em Pelotas e região.

O repertório voltado para os clássicos do choro passou a receber, gradativamente, composições autorais. “A ideia primordial é mostrar o que está acontecendo de novo no choro”, conta o músico. No último domingo (22), o grupo lançou sua primeira canção própria, intitulada Bipolar, que contou com gravação ao vivo, rendendo material audiovisual compartilhado nas redes sociais.

A gravação ocorreu no Vila Santa Eulália Hostel, escolhido por dispor de arquitetura clássica dos casarões de Pelotas. A intenção é lançar um vídeo a cada mês, a fim de completar o tracklist do que deve integrar o primeiro álbum. Após esse período, um show na Bibliotheca Pública Pelotense visa apresentar na íntegra - e ao vivo - o som criado pelo quarteto.

Identidade própria
O Chorei Sem Querer se diferencia dos demais grupos ao substituir o cavaquinho (essencial nas rodas de samba e choro) pela guitarra, um formato não muito comum dentro do gênero. “Poucos guitarristas escolhem o choro”, diz Ortiz. Tal mudança influencia na proposta sonora, que também agrega influências de outros gêneros, como jazz, rock e world music. 

Não é porque possui choro no nome, que o projeto é restrito a um estilo. O choro, inclusive, é uma linguagem que proporciona trazer novos elementos, oferecendo uma certa liberdade de criação, sem perder as características originais. Ortiz cita como exemplo o bandolinista Hamilton de Holanda e a clarinetista Anat Cohen, que trazem boas doses de inovação para o gênero. 

Bipolar adota essa dinâmica. “A composição que lançamos é meio esquisita em relação ao padrão do choro”, entrega Ortiz. Sendo composta por Vasco e Gustavo, é marcada pela dualidade entre a energia pulsante do violonista e a tranquilidade do guitarrista. Encontra-se disponível no YouTube, Facebook e SoundCloud.

Bom momento
O choro encontra uma boa aceitação, principalmente em Pelotas. Ortiz acredita que o trabalho de Avendano Junior junto ao bar Liberdade abriu esse caminho. “É um público que não distingue idade, desde um bebê com os pais, que sorri encantado, até o pessoal da terceira idade, que por um bom tempo foi a principal plateia do choro na cidade”, acredita. Neste sentido, os shows oferecem uma vivacidade agregadora. 

Assim, o grupo Chorei Sem Querer soma-se ao Sovaco de Cobra e ao trabalho do Clube do Choro de Pelotas como expoentes locais do gênero. “Apesar do choro ter quase 200 anos, pode-se dizer que está chegando na idade adulta, em seu melhor momento, com um bom destaque dentro da Música Popular Brasileira”, avalia Ortiz.

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